Trabalho voluntário na Tunísia, Grécia, Turquia e Portugal
Hoje nós temos mais uma entrevista de pessoas que fizeram trabalho voluntário em alguma parte do planeta. Dessa vez, contamos a história da Bárbara, que fez não apenas 1, mas 4 trabalhos voluntários seguidos: na Tunísia, Grécia, Turquia e Portugal. Incrível, né?
Você também já trabalhou como voluntário? Mande a sua história para deise@viagempelomundo.com
1- Qual o seu nome, idade e profissão?
Meu nome é Barbara Amorim, tenho 22 anos e sou estudante de Administração.
2 – Por que você decidiu trabalhar como voluntário? Esse trabalho tem alguma relação com a sua profissão principal?
Minha decisão de fazer um intercâmbio voluntário surgiu de todo um processo em que eu fui me descobrindo ao longo dos 3 primeiros anos da faculdade. Logo que entrei na universidade, eu procurei me envolver com todo tipo de atividade extracurricular, e onde mais me encontrei foi na AIESEC, uma organização estudantil que atua em mais de 110 países ao redor do mundo. São apenas estudantes que trabalham nela voluntariamente, e seu principal objetivo é a paz mundial e o desenvolvimento das potencialidades humanas. Um dos principais meios encontrados para alcançá-lo foi através dos programas de intercâmbio, tanto voluntário como profissional.
Durante os 3 anos em que trabalhei nessa organização, eu fui conhecendo inúmeras histórias de pessoas que tiveram a experiência de realizar um trabalho voluntário em outro país, tanto de intercambistas que vieram para minha cidade, até tantas outras pessoas da minha própria cidade que se jogaram no mundo. Entender o impacto que essa experiência levava tanto para o país em que a pessoa ia e as pessoas que conhecia, até em sua vida pessoal, me fez ter certeza de que eu um dia precisaria viver isso.
Quando eu decidi viajar, estava passando por um momento bem conturbado na minha vida. Minha cabeça estava um turbilhão de indecisões profissionais e não estava me encontrando no meu curso de graduação, foi assim que decidi que era hora de realizar meu sonho de viajar, dar um tempo e tentar me encontrar de alguma forma. Foi aí que vi a oportunidade perfeita para unir tudo isso a minha vontade de ter essa experiência de trabalho voluntário, até porque, nesse programa você encontra vagas especialmente em países com culturas bem distintas. Isso acabou por me instigar ainda mais. Eu realmente estava disposta a sair totalmente da minha zona de conforto e me jogar no mundo.
O programa de intercâmbio voluntário, chamado Cidadão Global, dura em torno de 6 a 12 semanas, porém eu queria ficar no mínimo 6 meses viajando. Isso me levou a desejar encarar algo bem incomum, fazer 4 seguidos e tendo certeza apenas do meu primeiro destino.
3- Como você encontrou essa oportunidade? Foi através de uma agência ou sem intermediários?
Essa oportunidade é pela AIESEC, uma organização de jovens espalhada pelo mundo inteiro.
4- Quais foram os passos burocráticos para a concretização do processo?
Para realizar o intercâmbio, existem alguns pré-requisitos. Os principais são: ser graduando, pós-graduando ou formado em até 2 anos; ter entre 18 a 30 anos; e inglês ou espanhol intermediário, dependendo do país que você pretende ir.
Cumprindo eles, basta se inscrever pelo site e encontrar o escritório mais próximo de você. A partir disso você será contatado e receberá todo o suporte para encontrar vagas de projetos que mais combinem com o que você procura. Aprovado por eles e tendo vaga no país escolhido, é hora de correr atrás da passagem e seguro saúde.
5- Você teve que tirar algum visto específico ou usou o visto de turista?
Como realizei 4 intercâmbios, em média de 6 semanas cada, eu só poderia fazer dois na Europa, portanto acabei nem precisando de visto. Meu primeiro intercâmbio foi na Tunísia onde nós brasileiros não precisamos. O segundo foi na Grécia, sendo que em até 3 meses não é necessário. O terceiro foi na Turquia, onde a AIESEC solicitava o visto por precaução, mesmo não sendo necessário, portanto acabei fazendo ele na Grécia, o que foi bem tranquilo e fiz em um dia. Por fim, meu último intercâmbio foi em Portugal e eu ainda estava dentro dos 90 dias sem precisar de visto nos países Europeus do acordo Schengen.
6- Conte-nos um pouco como era a sua rotina de trabalho.
Meu projeto na Tunísia consistia em auxiliar os professores de uma ONG voltada para crianças com deficiência mental e/ou física. Eram mais de 100 crianças e aulas extremamente estimulantes, como dança, pintura, costura, esportes, reciclagem, computação e até mesmo cabelereiro. Trabalhei ao lado de pessoas da China, Koreia e México. Nosso trabalho era de segunda a sexta, das 9h as 15h
Na Grécia meu projeto foi em uma ONG que dava auxílio para futuras Mães que não tinham condições de criar os filhos. Nessa eu trabalhei na parte de Marketing da organização. Trabalhei com contato internacional para conseguir fundos, auxílio em tradução de artigos da ONG para inglês, busca por conteúdo para as redes sociais da ONG, elaboração de propostas para arrecadação de fundos e ajuda em eventos. Meu trabalho era de segunda a sexta, das 10h às 15h.
Na Turquia eu trabalhei também em uma ONG para crianças com deficiência, incluindo crianças com autismo, o que foi um desafio especialmente pelas barreiras da língua onde poucos professores falavam inglês. Lá eu e uma intercambista da Tanzânia ensinamos inglês e até matemática, realizamos trabalhos manuais, como pintura, colagens e dobraduras, até outras mais livres, como dança e esporte. Trabalhávamos por lá das 9h às 15h.
Por fim, em Portugal eu trabalhei em um acampamento de verão. Lá fui instrutora nas atividades das crianças e adolescentes, desde visita aos animais, dança, cozinhar, até atividades mais radicais. Na outra metade do meu projeto, trabalhei como fotógrafa dos acampamentos. A carga horária dependia muito dos acampamentos.
7- Existe um programa pré-estabelecido para voluntariado?
Sim, o Cidadão Global. A AIESEC trabalha fazendo o contato entre ONGs do mundo inteiro e estudantes, definindo assim os projetos e benefícios e facilitando o contato entre ambas as partes, além de oferecer todo o suporte necessário para os intercambistas.
8- Quanto tempo durou?
Viajei por 6 meses realizando 4 projetos de 6 semanas em diferentes países.
9- Você teve que arcar com algum custo? Como você se manteve financeiramente?
Sim, custos como passagem, seguro saúde, alimentação e transporte eram de minha responsabilidade. Entretanto, em todos os projetos tive hospedagem gratuita. Na Tunísia morei em uma casa com outros 11 intercambistas, na Grécia morei em uma casa de frente para a praia em Atenas, com outros 3 interambistas, na Turquia fiquei hospedada na casa de duas estudantes da AIESEC e em Portugal no próprio acampamento.
Além da hospedagem, tive alimentação na Tunísia provida pela ONG no café da manhã e almoço e alimentos básicos na casa que morei, a qual é chamad de Trainee House. Na Turquia tive almoço e transporte para o trabalho provido pela ONG. Em Portugal, também tive alimentação durante todo o tempo em que estava no acampamento.
10- Qual foi a melhor e a pior parte da sua experiência?
Acredito que a melhor parte foi estar em contato com culturas totalmente diferentes da minha, não apenas pelos países, como Tunísia e Turquia, mas também pelos intercambistas que convivi, de países como China, México, Polônia, Itália, Holanda, Koreia, Tanzânia, Marrocos, Paquistão e muitos outros. Por mais que eu tenha sido necessário me adaptar e ser muito flexível em alguns momentos devido aos choques culturais, esses foram os momentos mais incríveis da minha viagem e nos quais mais aprendi.
Nenhum intercâmbio ou viagem é perfeito, e talvez seja exatamente por isso que eles sejam tão incríveis. Ao mesmo tempo em que se adaptar é difícil, são as surpresas e novidades de um mundo oposto do seu que trazem a graça e encanto. Hoje minha vontade é viajar para Índia, China, Marrocos e África do Sul, por exemplo. Se surpreender em uma viagem é a melhor parte, mesmo que no início seja complicado.
11-Essa experiência fez com que você mudasse algo em sua vida?
Totalmente. Eu viajei com 6 objetivos definidos e consegui alcançar cada um deles, mas o principal de todos era me descobrir, me encontrar e entender o que eu desejava mesmo fazer da minha vida. Acontece que eu não tive exatamente essa resposta, mas melhor que isso, meu autoconhecimento me fez compreender a vida de muitas outras formas. Eu voltei com um novo olhar sobre o mundo, pessoas, culturas. Me desafiei de tantas formas por encarar essa viagem sozinha, sem nem ao menos saber qual seria meu segundo destino e me jogando em países que sim, a cultura é muito diferente. Eu acredito que cheguei a limites que me transformaram muito como pessoa e meu olhar sobre a vida. Voltei com uma vontade enérgica e absurda de querer viver intensamente onde quer que eu esteja.
Não existem barreiras culturais e nem mesmo linguísticas se você tiver a mente aberta. Trabalhei com crianças que simplesmente só falavam Árabe ou Turco, e ainda assim criamos uma conexão tão grande que nem consigo explicar. Morei com meninas com um estilo de vida totalmente oposto ao meu e da cultura brasileira, aliás, morei com meninas que mal sabiam falar Oi em inglês. Acreditem ou não, mas foram talvez algumas das amizades mais incríveis que fiz durante aqueles 6 meses.
12- Você teve problemas de adaptação com a língua e cultura locais?
Sem dúvida a língua foi um desafio no trabalho dentro das ONGs, pois poucas pessoas sabiam falar inglês, mas no fim sempre se dá um jeito. Já quanto a cultura, eu viajei com a mente suficientemente aberta, então eu não chamaria de problema, mas sim de ser surpreendida a cada momento. Desde a comida extremamente apimentada, os Tunisianos não serem adeptos aos talheres, banheiros distintos do nosso, religiões com crenças bem diferentes, estilos de vida bem opostos de jovens universitários Turcos e viver com pessoas de hábitos totalmente diferentes do meu. Com certeza tiveram choques nesses 6 meses, mas eu sempre procurei encarar tudo com um olhar curioso e tentando viver como eles.
13- Você pretende fazer algum trabalho voluntário novamente?
Com certeza. Falando ainda sobre intercâmbio voluntário, tenho um grande sonho de realizar um na África central ou sul. Se eu pudesse, faria na Índia também, para trabalhar especialmente com garotas que tenham sofrido abusos.
14 – Para aquelas pessoas que gostariam de ser voluntárias, quais dicas você poderia dar?
Se você está buscando realmente um impacto em você e em outras pessoas, faça. Doar o nosso tempo para fazer o bem, onde quer que seja, é algo que dinheiro algum pode pagar.
Um conselho que eu sempre dou para quem me pergunta sobre esse tipo de experiência e como torná-la mais impactante, é se jogar em países com culturas totalmente diferentes. Isso te proporciona um olhar muito diferente sobre o mundo e a vida, além de você levar outro olhar para pessoas que talvez nunca fosse cruzar na rua.
15 – Algo mais a acrescentar?
Viaje!
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